27/11/2025

Por que conhecer profundamente o cliente muda o resultado das vendas

Por Roberto Vilela, consultor empresarial, escritor e palestrante

Em vendas, existem dois caminhos: falar com o cliente ou falar para o cliente. E a diferença entre os dois está no quanto se conhece de verdade quem está do outro lado da mesa. Não basta reunir informações básicas ou repetir abordagens genéricas esperando que uma delas encaixe, pois a precisão no contato nasce da compreensão real das motivações, receios e prioridades de quem decide.
 
Os clientes podem até parecer semelhantes quando observados de longe, mas cada empresa e cada decisor opera com expectativas, pressões internas e formas de avaliar valor completamente distintas. Há quem tome decisões com foco em risco, outros se orientam por retorno financeiro, alguns priorizam estabilidade operacional ou suporte pós-venda, por exemplo. Quando o vendedor entende esses elementos, adapta o diálogo, escolhe os argumentos certos e avança com muito mais clareza.
 
Os métodos de atendimento usados por décadas, centrados em apresentações padronizadas, listas de benefícios e pouca investigação, já não sustentam bons resultados. Hoje, a quantidade de informação disponível, a facilidade de comparação entre soluções e o acesso a profissionais preparados elevam o nível das conversas comerciais. Chegar ao cliente com um discurso pronto, independentemente do perfil dele, reduz a credibilidade e afasta oportunidades.
 
Conhecer o cliente de forma aprofundada não significa decorar dados, mas interpretar comportamentos. É observar como ele analisa propostas, como responde a riscos, quais indicadores realmente influenciam sua decisão e qual linguagem transmite segurança, para qual tipo de abordagem ele é mais acessível — online ou offline. Esse tipo de leitura permite ao vendedor trabalhar com assertividade: abordar na hora correta, tratar as objeções certas e criar conexões mais sólidas.
 
Outro ponto importante é que, anos atrás, essa profundidade não era um fator tão determinante. A menor concorrência e a proximidade física tornavam o processo mais previsível. Hoje, a realidade é outra. Quem vende precisa dominar técnica, processo e, principalmente, percepção humana. A capacidade de entender como cada cliente pensa tornou-se um diferencial claro e mensurável.
 
Quanto mais o profissional conhece a essência do cliente, sua forma de agir, decidir e priorizar, mais consistente se torna a construção de valor. Não é sobre “personalizar o discurso”, mas sobre falar com coerência, alinhado ao que realmente importa para aquele interlocutor. Esse alinhamento reduz ruídos, encurta ciclos e coloca a venda em um terreno mais sólido.

Legenda: Roberto Vilela é consultor empresarial, escritor e palestrante
Créditos: Alex Miranda